quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Mãos á obra.

Muita coisa eu não sei.
Uso isto ou aquilo?
Eu procuro e de repente não acho e de uma hora pra outra passa muito tempo e num segundo eu descubro!
Como catalogar ,organizar,clarificar,tirar o extrato,a essência?
Como saber exatamente quando e aonde colocar?
Como usar assim na medida certa ?
Assim como no armário:
Hoje sou vermelho mas só a noite, o que seria óbvio...
Então amanheço rosa e vou empalidecendo até azular no final do dia !
Eu queria só uma coisa de cada vez!
Nunca sair com a pele da cor na roupa que não fosse adequada.
O que estou agora aqui por dentro quisera que alguém visse na camada externa e reconhecesse tal e qual!
Então aqui eu e este sótão/buraco...
Meu meio/ventre.
Eu cheia de órgãos confusos que não sei pra que servem.
Enquanto um deságua,outro reserva.
Aquele filtra este outro dínamo/mitocôndrias.
Não param. Nunca param .Eu não paro.
Sempre o delírio e o desejo que tudo pare! Que tudo congele! Que só eu fique no movimento pra que possa organizar!
E quando saio dos meus interiores vísceras (que tem lá o seu tempo próprio do natural) é que lembro do tempo tecnológico ao chegar na minha cozinha:
"A pressa faz com que o tempo da torradeira só sirva pra quem não tem tempo de cozinhar."
Entre esta parte de cima e de baixo_eu toda.
Entre eu e as mãos _o prato. Entre eu e o mundo _os pés descalços.
Patas livres pra prender melhor o chão pra que ele não começe a gingar.
E no meio de mim senti um nozinho que vinha enrolando tripas e destampou lá mais ainda no andar de cima em alguma sinapse que me fez apertar como dizem coisa estranha no peito.
Foi quando interrompi minha pequena caminhada até a mesa e entendi que algo não ia bem.
Não me levei em consideração.nem tripas,nem coração,nem neurõnios,nem,nem.
Brusca parada: (desembuchei) - “as inquietações que não servirão pra nada devem ser trocadas por uma bela faxina!
Mãos á obra.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ESCURIDÃO

ESCURIDÃO

“Somos mais   normais quando sabemos o que está acontecendo.
Somos mais imprevisíveis quando não sabemos ".  navid  hassanpour

1
Minhas primeiras lembranças cinematográficas datam de não sei exatamente quando.
Lembro de uma  certa esquina de um certo cinema em Porto Alegre  onde assisti  a um certo  filme .
Guardo algumas poucas sensações e muitas imagens  desta " minha primeira vez".
Recordar faz com que os  tempos  verbais se misturem  na memória de quem descreve a lembrança.
Tudo era  gigantesco "naquele entonces”.
(adoro esta expressão importada .é uma afirmação do passado no presente.)
O mundo era todo  maior que eu.
Eu era uma miniatura dentro do meu mínimo vestido de veludo cotelê com pequeninas florzinhas bordadinhas em alto relevo.
Uma mão maior que  a minha  me levava para um lugar enorme.
Na entrada  um balcão  solene e interminável.A nobreza do mármore e da madeira contrastavam com  balas coloridas feitas de um  plástico saboroso . 
Para o alto  um  teto que eu não conseguia mais acabar de olhar.
O "lá em cima" ficava muito longe de mim.
Meus olhos giravam  tentando absorver tanta magnitude.
2
E  logo  a imensidão  da  sala  e da  tela branca descomunal.
E logo  a escuridão total.
Desesperada  procurei por pontos luminosos
Descobri  arandelas .
Nem sei de neons  vermelhos ,sinalizadores de emergências  ou toaletes.
Não lembro se haviam.Afinal nada era tão  urgente ,nem se bebia tanta água!
3
Nunca gostei do escuro.
Antes da luz apagada ou do sono fixava-me  na  janela do quarto. 
A vidraça era uma tela onde  cabeçudos insetos gigantes  e santos retorcidos projetavam-se pra me aterrorizar. Fechar os olhos significava  um tormento de  monstros azuis  com anteninhas  e de  imagens religiosas em tom sépia.
4
Todo aquele breu foi colorido pela gargalhada da bruxa com sua terrível maquiagem metaleira a la Kiss !
Mas  a maldade maior foi a das  maçãs envenenadas .
Eu queria invadir a tela e advertir a Branca de Neve do perigo.
E o Bambi ?! Um orfão abandonado na escuridão da floresta!
Eu queria levá-lo para a companhia dos meus gatos e cachorros.
5
Digamos que eu sofri demasiado na minha primeira incursão cinematográfica.
Tudo me atingiu  numa escala desumana.
Tanta violência,tanto medo ,tanta tristeza.
Mas e  o volume / intensidade das cores ,do som e da música?
-Droga da melhor qualidade!(desde então sou adicta das salas escuras cheias de estímulos)
6
Especulando retroativamente, tudo foi  fantástico e determinante.
Porque apesar dos poderosos recursos  tecnológicos atuais , estas ainda são as lembranças mais contundentes.
Talvez por conta  da fome de um cérebro mais jovem.
Eu era   uma virgem de experiências, noviça na vida ainda....
7
Mais velha descobri as benesses da escuridão.
Adoro retardar  os momentos que antecedem a luz no fim do túnel.
All black .
Chocolate  dark, uma guinness preta,um tapa olhos .
Amo a escuridão.
Dentro dela não há estímulos externos que me suscitam necessidades.
Do ponto de vista das pálpebras fechadas não sonho mais pesadelos.
Fechar os olhos em paz sem ter que morrer ou dormir é um luxo!
A escuridão é  a tábula rasa.A caverna do esquecimento.
Ela é perfeita para zerar. Para começar um novo raciocínio.
A neutralidade antes da novidade.
Tem a mesma função do copo de água antes do primeiro  gole de um vinho.
8
Agora as coisas  tem seu tamanho natural. As salas de cinema não me parecem mais tão descomunais.
Agora os olhos  tem que estar  sempre abertos .
As câmeras estão sempre acesas.
Agora é dificil você ter  a chance de ficar quietinha numa caverna aguardando ansiosa por alguma surpresa.
A menos que você vá ao cinema.
Sentada na poltrona .
Apagam-se a s luzes.
Escuridão.
Eu viro  folha branca vulnerável .
E me delicio entregue ao que virá.

angela dippe
10/10/2011


domingo, 2 de outubro de 2011

sina

Um pouco mais tarde descobriu ser um ser condenado a pular degraus,rolar escadas,derrubar pacotes,chocar-se com outros. Tentaria para sempre vencer as quinas das mesas e as esquinas das paredes.
Suas manchas roxas seriam seus troféus sua segunda pele. 
Enganchar-se nos trincos,tropeçar nos próprios pés confundir tudo,perder tudo / sua sina.
As tintas sempre carregadas sem meias medidas nem tons pastéis.
Réu primitiva,sempre culpada.
Se ela tivesse um gosto, seu gosto seria agridoce.
(mas teria um arco-íris a sua volta)

dipinsights: cemitério

dipinsights: cemitério: cemitério não falaremos dos mortos anõnimos de beira de estrada. não falaremos de cruzes improvisadas,muito menos das cores de papel cr...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

cemitério

cemitério

não falaremos dos mortos anõnimos de beira de estrada. não falaremos de cruzes improvisadas,muito menos das cores de papel crepom que enfeitam cemitérios pobres de paises andinos. falaremos das cores nobres . do cinza pedra quase chumbo
do branco lapidar do mais puro mármore ou do preto carrara do luto esculpido
no charme dos cemitérios que moram entre os vivos das maiores megalópoles.
aki é o lugar preferido dos velhos,das flores murchas e dos gatos.
 e não se iludam o que acontece lá fora acontece aki.
O CEMITERIO É LINDO DE MORRER.algo  GÓTICO, CLASSUDO,imponente.
 OS TÚMULOS São PORTENTOSOS. AS ESTÁTUAS  DE GRIFE. O ALUGUEL Aqui É CARO.  
MANTER UM MORTO MORANDO Aqui NÃO É PRA QUALQUER UM.

a cena é linda de morrer. e seria ainda mais linda se a mulher que acompanha de longe a cerimonia funebre pudesse estar chorando E assim aos prantos pudesse ser vista
é uma mulher  bela com óculos que ainda lhe deixam mais bela  
ELA PODERIA SER ainda  MAIS BELA SE TIVESSE APENAS 25 ANOS. MAS já  TEM UNS 80.
e seria muito muito BELA SE FOSSE LOIRA. MAS É MORENA,
e  SE O SEU CABELO FOSSE LISO,seria belíssima ,MAS ELA É TÃO CRESPA QUANTO O SEU TEMPERAMENTO .
SE ESTIVESSE CHOVENDO A CENA PODERIA SER AINDA MAIS DRAMÁTICA. MAS O SOL TROPICAL FAZ COM QUE O SOFRIMENTO AUMENTe  AINDA em Muitos graus  SOB AS ROUPAS PRETAS .
 UM CORO GREGORIANO) PODERIA SER OUVIDO SE os cantores  FOSSEM CAPAZES DE CANTAR AINDA MAIS ALTO QUE O TRÃNSITO.
E nada disso estaria acontecendo aki e agora se a cerimonia funebre escolhida tivesse sido a da cremação.
e se  os familiares tivessem escolhido, não um coro gregoriano ao vivo pra louvar o morto. mas uma valsa húngara.
sim porque  a alegria da valsa húngara faria um contraponto com a tristeza do momento.
e A VALSA HUNGARA  seria ouvida em decibéis ainda mais altos que o TRANSITO e QUE O discurso proferido pelo parente em homenagem ao morto.
 e todos ouviriam tudo da valsa e nada do poema,
que logo  viraria uma mímica surda de lábios esgarçados tentando ser ouvida por ouvidos ainda mais esforçados.
e a cena triste que quis se passar por alegre terminaria  tragicómica .